sábado, 11 de julho de 2015

TÁ TENDO COPA" - Análise da estreia brasileira no Mundial.


A última Quarta-Feira, dia 9 de Julho, entrou para a história do Futebol Americano nacional. Estreiamos no Mundial da modalidade e, apesar de um resultado negativo, podemos tirar importantes lições desta partida e crescer a partir delas. Vou fazer uma análise do jogo em geral e de alguns jogadores.

Foto: Victor Francisco (Salão Oval).

O placar foi surpreendente.

Antes de fazer qualquer crítica ao resultado é preciso ter em mente os seguintes pontos: a França está em seu quinto mundial e possui uma Federação desde 1989; a França possui uma Liga em alto nível, próxima ao profissional; a França teve uma semana inteira de aclimatação nos EUA. Agora, considere também que o Brasil até semana passada não tinha nem certeza se conseguiria ir, os jogadores pagaram passagem do próprio bolso (muita gente boa ficou de fora por isso) e chegamos aos EUA na véspera da estreia.

A tal da “aclimatação” parece uma grande frescura, mas não é. Os jogadores brasileiros jogam em times muito distantes e não conseguem treinar junto para acertar os detalhes, pegar o timing do companheiro. Some isso ao nervosismo de estar jogando um mundial pela sua Seleção e você vai entender perfeitamente o alto número erros de marcação, drops e aquele retorno de Kickoff logo de início.

Temos reais motivos pra acreditar no Onças.

Mesmo com todas as dificuldades, o Brasil fez um ótimo jogo! Um ponto que me chamou a atenção logo assim que a partida acabou foi o fato de não termos sofrido nenhum turnover (recuperamos o único fumble sofrido). Quem acompanha o FA nacional sabe que um dos maiores problemas do Ramon “Mamão” é o de forçar lançamentos que acabam sendo interceptados.

O Gameplan também foi muito bem pensado, Danilo e Brian são realmente gênios. Os técnicos entenderam que jogando contra um time superior, a melhor estratégia para o Brasil seria fazer drives longos, consumindo bastante tempo e mantendo o ataque francês fora de campo (ficou fácil entender o motivo depois do jogo, né?). O rápido ataque francês dificultou essa estratégia brasileira no primeiro tempo, mas voltamos bem melhor do intervalo e ficamos com a bola em 72% do tempo na segunda etapa.

A defesa brasileira demorou a pegar no tranco, mas quando pegou, meu amigo... Gerson Polamalu deu um tackle no RB francês que doeu em mim, e ainda acertou o QB Durant numa blitz que fez com que o Coach francês trocasse o lançador. Gardenal foi eleito o melhor jogador brasileiro na partida, mas não achei que ninguém se destacou individualmente, a defesa funcionou como conjunto.
Por fim, fizemos apenas 4 faltas, contra incríveis quatorze do time francês! Inclusive, duas faltas francesas por interferência de passe mantiveram vivas duas campanhas ofensivas brasileiras.

Foto: Victor Francisco (Salão Oval)


O que temos que melhorar?

Pegar a França logo de cara foi um ótimo aprendizado, pois nos revelou nossos pontos fortes e fracos, para que possamos melhorar nos outro nove dias de mundial. Vejo um Brasil muito mais forte contra a Coreia do Sul e, possivelmente, Austrália.

Vamos analisar por partes o que podemos melhorar então, começando pela Linha Ofensiva. Taylor, Gigante e Anselmo jogam demais e deram conta do lado direito, mas o lado esquerdo (com Hatila e Kruger) deixou a desejar. A DL francesa era boa, mas o LG brasileiro indicava claramente quando faria um pull e muitas vezes deixava o defensor passar sem ser tocado. Não conheço as demais opções de jogadores, mas Brian vai certamente dar muita atenção a estes.

O jogo corrido tem que ser o ponto forte brasileiro, temos um backfield repleto em talento e força e isso ficou visível no jogo de ontem. Tivemos 88 jardas em corridas positivas, mas perdemos assustadoras 79 naquelas que acabaram atrás da linha de scrimmage. O confronto nas linhas pesa muito aqui, como na jogada do TD brasileiro onde os jogadores brasileiros jogaram os franceses dentro da endzone e fizeram o trabalho de Rhudson muito mais fácil.

No jogo aéreo, imagino que o problema com drops já esteja resolvido até o próximo jogo. Medalhões como Vinny, Cebola e Heron precisam render mais e mostrar porque são unanimidades no Brasil. Manteria Mamão como o QB e Lipe Fernandes como WR, melhor recebedor na última partida.

Na defesa o trabalho precisará ser pesado, já que foram evidenciados falhas tanto no aspecto tático quanto técnico. O front-seven do Onças precisa ter maior fidelidade aos gaps, muitas vezes os jogadores iam como loucos atrás da bola e esqueciam de cobrir seus espaços, o que abria uma avenida pro ótimo RB francês.

Outra questão foram os tackles mal executados, em certos momentos por ir só com o ombro ao invés de fazer o “wrap”, em outros por querer derrubar o adversário usando apenas os braços. Acho que nesse ponto pesou o nervosismo, pois todos os jogadores ali são ótimos nesse fundamento e não acredito que vá ser algo preocupante nos próximos jogos.

Por fim, deixamos exposta logo de cara nosso calcanhar de Aquiles: a secundária. Vitor Veloso, disparado o melhor CB do Brasil, não viajou com a equipe, o que fez com que Sodré e Sapo formassem a dupla de titulares, relembrando os bons tempos de Imperadores. Para o nível do Futebol Americano praticado no país, todos os DBs convocados são completos monstros, mas aparentemente esse setor é onde fica mais visível a defasagem de nosso jogo para o de uma seleção mais experiente.

O jogo aéreo ficou muito mais fácil também por conta do aspecto tático. Os dois CBs brasileiros jogaram quase a todo momento há mais de oito jardas dos recebedores, e em face the play, o que deixou as flats completamente abertas e possibilitou que o QB Durant achasse com facilidade os WRs Dable #8 e Rioux #11 que receberam screens, slants, curls e flats sem muitas dificuldades. Outro “pote de ouro” para o time francês foram as conexões fundas, principalmente em Corners, que os ajudaram a converter muitas terceiras descidas para mais de dez jardas.

Foto: Victor Francisco (Salão Oval)

E se eu fosse o técnico...
Como disse anteriormente, o time do Brasil tem ótimos técnicos e está “bem montado”, e por conta disso eu faria poucos ajustes na equipe atual.
Na defesa, a alteração mais significativa que faria é incluir o LB Pablo Chalfun #52 jogando no lado fraco e descer o versátil Igor Motta #14 para Safety, formando dupla com Paulo Torquato #28. Além disso, aproveitaria os treinamentos para focar em fundamentos de tackle e press coverage, assim como execução de jogadas de marcação em zona.

No ataque, é preciso confiar em Ramon Martire e no talentoso grupo de WRs, explorando o melhor que cada um tem a oferecer. Mamão é nosso QB desde 2007 e simplesmente tirá-lo para colocar Rhudson #1, que apesar de ter experiência nos EUA não conhece seus legíveis, me parece um enorme erro. Gostei de como o coach Brian usou Rhudson apenas em alguns pacotes, mas é preciso fazer mais que apenas Read Options e Draws, para criar a imprevisibilidade para as defesas.

No papel dos Coaches, colocaria os legíveis e lançadores para executarem um milhão de vezes cada jogada, para criar o timing e para criarem costume com a bola do torneio, assim como colocaria os jogadores de linha para treinarem em conjunto e desenvolver a sintonia necessária. Por fim, acredito que seria interessante utilizar jogadas em I-Form contra o fisicamente fraco time coreano e mostrar porque levamos o FB “Pingo” #43 para Ohio.

Os Special Teams também precisam ser melhorados, mas conheço o Coach Gabriel Mendes, um dos caras mais perfeccionistas do mundo, e consigo imaginar o quanto ele deve estar cobrando muito disso dos jogadores.

Não poderia deixar passar:
Sei que o texto está enorme, mas não poderia deixar passar a habitual falta de profissionalismo de Rômulo Mendonça e Paulo Antunes, da ESPN, durante o jogo. O primeiro, famoso por ser um palhaço fantasiado de narrador, reclamava a todo momento da Seleção, fazendo piadinhas de péssimo gosto e diminuindo o trabalho dos atletas e membros da comissão técnica. Antes do jogo começar, o áudio da transmissão vazou e foi possível ouvir diversos comentários no mínimo idiotas por parte da equipe, como Paulo Antunes dizendo: “Mas porra, confiar nessas estatísticas que nos passaram é foda”.

Faltou profissionalismo e seriedade por parte de quem deveria ser incentivador do esporte nacional, de quem é visto como referência por 90% das pessoas que acompanham o futebol americano no país e de quem não se preocupa em conhecer ou ajudar a realidade dos atletas que deram sangue (e MUITO dinheiro) para estar em Ohio.

Mas enfim, Domingo tem mais. Que venha a Coreia!

sábado, 13 de setembro de 2014

O outro lado da moeda - Porque os grande vilões também são vítimas

Esta foi certamente uma das semanas mais vergonhosas para a história da NFL! O vazamento de um vídeo que mostra o então RB do Baltimore Ravens, Ray Rice, dando um soco na cara de sua noiva se tornou manchete em toda a mídia e reacendeu um debate sobre a postura da Liga ao tratar com tais casos. Para piorar ainda mais, Adrian Peterson ,RB do Minnesota Vikings, teve sua prisão pedida por denúncias de agressão a seu filho de apenas quatro anos. Mas será justo simplesmente apedrejar todo e qualquer jogador que faz uma besteira, ou podemos buscar entender os motivos que o levam a isso?

A negligência ao caso de Rice pode custar o emprego do comissário Roger Goodell
Antes de continuar, é importantíssimo deixar bem claro que eu não concordo com a atitude do Ray Rice, muito menos do Adrian Peterson. Violência em qualquer circunstância é condenável e se torna ainda mais quando praticada contra uma mulher ou uma criança indefesa. Meu objetivo com este texto é apenas mostrar que esses acontecimentos (e muitos outros similares) podem ser evitados com uma grande facilidade.

O problema não é de hoje.

Existem alguns casos bastante icônicos em toda história da NFL, mas acredito que nenhum é mais do que o de OJ Simpson. O corredor foi um dos maiores jogadores da história do Buffalo Bills (e ator nas horas vagas) e em 1995 teve de responder judicialmente por suspeitas um duplo homicídio, sendo uma das vítimas sua ex-esposa. Apesar de provas significativas que apontavam a culpa para OJ, ele foi inocentado e o caso ganhou grande notoriedade na mídia, sendo o júri transmitido para todos os EUA ao vivo pela TV.

Outros dois casos mais recentes, mas com tanta repercussão, foram os de Ray Lewis e Michael Vick. Lewis era a promessa como LB do Ravens (mesmo time de Rice) e era suspeito de um homicídio numa boate. Contudo, toda a história foi tratada de maneira bastante negligente, um outro homem assumiu a culpa, Lewis nunca enfrentou nenhum problema com a Liga e este episódio acabou caindo no esquecimento da mídia e dos fãs.

OJ chegou a ser preso, mas foi libertado após julgamento.
Por fim, Michael Vick! O então QB do Atlanta Falcons vivia o auge de sua carreira e castigava as defesas adversárias tanto correndo quando lançando, mas teve um hiato obrigatório em sua carreira após ser preso por gerenciar rinhas de cachorros. Depois de cumprir sua pena, Vick voltou para a NFL e não se envolveu em nenhum outro episódio polêmico dentro ou fora de campo.

Vick foi delatado por seu primo e foi preso por organizar rinhas de cachorro.
É preciso mais do que simplesmente crucificar.

O filme "Um Sonho Possível" foi um dos grandes destaques do ano de 2012, sendo indicado a diversos prêmios. A obra em questão conta a história de Michael Oher, menino negro e pobre que foi "adotado" por uma família de realidade muito distinta e acabou se tornando um jogador profissional de futebol americano.

Oher e sua família, quando ainda jogador do Ravens.
Apesar de ser obviamente dramatizada e aumentada, toda a história mostra como a realidade de Oher era problemática. Ele não sabe quem é seu pai, sua mãe é usuária de drogas, ele possuía outros sete irmãos, o Conselho Tutelar fazia visitar constantes para toma-los de sua mãe, seus amigos se tornam criminosos e chegam a convidá-lo para juntar-se a eles. É visível a dificuldade da família adotiva parar suprimir as "sequelas" de toda essa vida de dificuldades, e é chocante imaginar quantos milhares de outros meninos não têm a mesma sorte e acabam seguindo para o lado criminoso, ou até conseguem atingir o sucesso no esporte, mas sem nenhuma estrutura familiar ou disciplina em sua vida.

Imagine-se como um jovem nas mesmas condições de Oher, mas sem um "anjo da guarda" para te salvar. Por 18 anos a única coisa que te liberta de todo esse "sofrimento" é o esporte e então começam a chover cartas de convite para você fazer uma faculdade de graça por conta disso, e alguns anos depois um time te liga e diz que quer te ter como atleta, ganhando alguns milhões por ano! Este menino nunca teve nenhuma instrução de como cuidar de seu dinheiro, de como lidar com a pressão midiática ou algo do tipo, então ele toma atitudes consideradas estúpidas.

Melhor exemplo do caso acima é Adam "Pacman" Jones, CB do Bengals, que tinha tantos problemas extra-campo que teve que assinar uma espécie de termo onde se comprometia a melhorar suas atitudes. Hoje, ele até oferece palestras para Rookies que entram na NFL e se cita como exemplo negativo, contando que já chegou a gastar 1 milhão de dólares em uma noite (Sim, você leu certo!)

Qual a solução?

Quando Vick saiu da prisão, Tony Dungy, ex-Técnico do Colts, se ofereceu para fazer uma espécie de acompanhamento e aconselhamento ao jogador. Li em algum lugar que eles se tornaram amigos e se falam até hoje. Dungy é um caso ímpar de integridade e seriedade, mas gostaria de ver seu exemplo ser seguido por outros técnicos e jogadores aposentados.

Por fim, sejamos sinceros, saúde mental também é um assunto totalmente negligenciado no esporte como um todo! A mídia e o público preferem fazer piadas de casos como o de Titus Young, ex-WR do Lions, que foi preso três vezes numa mesma semana e demonstrava claramente desequilíbrio mental, ou então do RB que sumiu logo após o Combine e só reapareceu três dias depois, com a mesma roupa, na Florida, dizendo que Deus tinha lhe dito para fazer isso. 

Destaco o WR Brandon Marshall do Chicago Bears, que foi diagnosticado em 2011 com Transtorno de Personalidade Borderline (Vale a pena pesquisar sobre isso) e vem sendo o maior embaixador da importância de realmente se preocupar com a sanidade mental e deixar de ver isto como um tabu. Para isso, o atleta usa em algumas ocasiões adereços verdes em seu uniforme e faz constantemente publicações na internet sobre o tema.

Marshall usando chuteiras verdes em jogo contra o Giants
Solucionar este problema é possível, mas envolve um esforço conjunto e muito mais profundo do que simplesmente a implementação de uma política por parte da NFL. Acredito que os times (até mesmo de NCAA) deveriam oferecer maior acompanhamento psicológico (e psiquiátrico) para seus atletas e entender que mais do que corpos que trazem dinheiro para uma franquia, estamos tratando de seres humanos. Caso contrário, teremos que lidar sempre com casos chocantes como o de um homem que desmaia sua noiva com socos ou que amarra o filho e venda sua boca para espancá-lo.

segunda-feira, 3 de março de 2014

RAPIDINHA - Multitarefas

Jogar um esporte em alto nível é o sonho de muitas pessoas, mas e se você pudesse jogar dois esportes em alto nível? Evidente que a cobrança física, mental e o aspecto técnico fazem com que pouquíssimos atletas consigam realizar tal façanha, por isso nós resolvemos listar alguns exemplos de sucesso em mais de um esporte.
Russel Wilson vestindo o uniforme do Texas Rangers
1- Bo Jackson (NFL, MLB e Atletismo)
BO KNOWS
Bo é um daqueles casos no esporte que te deixam de queixo caído e te fazem acreditar nos X-Men. Durante a faculdade ele foi destaque no futebol americano (ganhou até Heisman), no baseball e no atletismo, o que o rendeu convites para jogar profissionalmente tanto na MLB quanto na NFL. Ele seguiu as duas carreiras, sendo até hoje o único atleta a ir pro All-Star em duas grandes ligas de esportes. Ele virou tema de documentário da ESPN que você pode ver AQUI.

2- Deion Sanders (NFL, MLB)

O homem não era chamado de "Primetime" sem motivo. Deion é o único indivíduo da face da terra que já jogou um Super Bowl e uma World Series, legal, né? Fora isso, a sua carreira no baseball não teve muito destaque, ainda mais se comparada a no futebol americano.

3- Michael Jordan (NBA, MLB)


Depois do assassinato de seu pai, Jordan dizia não sentir mais amor pelo basquete e se dedicou a uma curta, e pouco vitoriosa, carreira no baseball. Ele depois voltou pra NBA e jogou o fino da bola (gíria idosa).

4- Jameis Winston (NCAA Football and Baseball)

O atual vencedor do Heisman Trophy mostra potencial pra ser um "Mini-Bo"! O QB de 20 anos, 1,93m, pouco mais de 100kg já tem um título nacional pelo Seminoles e está jogando também pelo time de baseball da faculdade, onde já foi listado no terceiro time All-America durante a pré-temporada. Me assusta pensar no que esse menino pode ser daqui uns anos...

5- Richard Sherman (NFL e Atletismo)

Ele faz bem mais do que dar entrevistas polêmicas, meus queridos. Assim como a maioria dos destaques na NFL, Sherman jogava em mais de uma posição em seus tempos de High-School, o que o rendeu uma bolsa de atleta para Stanford como WR. No seu primeiro ano, ele foi selecionado entre os melhores novatos do país, mas uma grave lesão no joelho o fez virar CB (O elenco de WR estava muito cheio, ainda bem). Ele, inclusive, diz que muitos times o ligaram no Draft dizendo que se ele não fosse escolhido até o fim do quinto round, o pegariam como recebedor.
Bom, além disso, Sherman teve uma bela carreira no atletismo, se destacando nos 110m com barreiras e salto triplo, sendo neste considerado um dos destaques nacionais.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

LISTA - Os jogadores mais overrated da NFL.

Já parou pra pensar que a grande maioria dos jogadores da NFL são completos desconhecidos para todos nós? Você sabe o nome dos reservas da OL do seu time? Pois é, eu também não. É comum (e muito compreensível) que os fãs conheçam mais os jogadores que têm melhores resultados em campo, acontece que alguns jogadores fogem à regra e ficam sendo famosos por conta de um sobrenome engraçado, uma jogada de sorte e coisas do gênero.
O conceito de "overrated" é usado para definir algo que é tido como muito superior ao que realmente é, o famoso "superestimado". Sendo assim, resolvi listar os jogadores que na MINHA opinião, recebem muita atenção, mas não isso tudo que a mídia gosta de falar.

1- Joe Flacco, QB - Baltimore Ravens

Eu costumava ser muito fanboy do Flacco, especialmente na sua temporada de calouro, me parecia ter muito potencial. Contudo, o jogo dele foi me parecendo cada vez mais chato e monótono com o passar do tempo, parecia que ele tinha se sentado na "hype" de ser um bom calouro e ficou por isso mesmo. Em alguns momentos é comum vê-lo tomar decisões mais burras do que você bêbado no Carnaval! Tudo bem, Joe Flacco tem um Super Bowl, mas até aí Trent Dilfer também tem e pelo mesmo motivo que ele: Uma defesa que segurou a onda quando foi preciso. 


2- Troy Polamalu, S - Pittsburgh Steelers

É um pouco injusto o Polamalu estar nessa lista se analisarmos toda a carreira dele. Muito completo, físico e bom na cobertura, ele é um sério candidato ao Hall da Fama quando se aposentar, mas infelizmente é preciso reconhecer que está em fim de carreira, há cerca de dois anos que o Polamalu não tem rendido seu máximo, em parte pela idade e em parte pelo número de lesões. É visível alguns erros de cobertura e tackle que ele não costumava cometer, mas muita gente não nota porque só o reconhece pelo cabelo grande e aqueles sacks que pula por sobre a linha.

3- Matthew Stafford, QB - Detroit Lions

Ele é mais um nos moldes do Flacco, conseguiu "se queimar" comigo. Sendo a primeira escolha geral no Draft, ainda mais como QB, espera-se um resultado absurdo do jogador, o que Stafford não cumpriu de certa maneira. Eu dou um desconto porque o jogo terrestre do Lions não vinha sendo muito bom e a defesa tem muitas falhas, principalmente na secundária, mas não vejo o pobre Matthewzinho sendo clutch ou chamando a responsabilidade pra si. Além do que irrita aquela cara dele de gordinho da pelada que é o dono da bola.

4- Michael Oher, OT - Baltimore Ravens

Legal, o Big Mike é fofinho, o filme dele é fofinho, mas vamos encarar a realidade: Michael Oher não é o melhor linha ofensiva do mundo. Já vi um drive que o Oher fez dois holdings e um false start, e não foi no seu ano de novato.

5- Jimmy Graham, TE - New Orleans Saints

Parem de colocar o Graham como um deus do futebol americano! Primeiro que já tenho profunda antipatia por todo TE que bloqueia como uma menina de sete anos, e isso vem desde que o Dallas Clark jogava no Colts. Além disso, o Graham vai ter um "matchup" favorável em 90% das jogadas em que correr rota, já que ele é mais alto e forte que a maioria dos S e mais rápido que a maioria dos LBs. E pra fechar, jogando com Drew Brees e sendo alto desse jeito, os números que Graham tem produzido não são mais que obrigação!

6- DeSean Jackson, WR - Philadelphia Eagles

Essa é bem pessoal, confesso, afinal, o DeSean tem ótimos números e já decidiu muitos jogos. O problema é que eu o considero muito burro desde a jogada onde ele soltou a bola sozinho antes de entrar na endzone (que não foi a única vez que ele fez isso). Além disso, é meio assustador pra mim pensar num jogador de NFL com 70 e poucos quilos, que raramente corre rotas pro meio do campo porque os coaches sabem que pegar uma bola ali significa óbito.

7- Jay Cutler, QB - Chicago Bears

Toda vez que alguém elogia o Cutler eu fico mais perto do suicídio. Ele é, de longe, o jogador que eu mais detesto na NFL em todos os sentidos possíveis! Eu acho todos os fundamentos dele horríveis, e some isso à sua postura de jogador tão durão quanto pudim da minha vó e sua cara de vocalista de banda emo que você chega aonde eu quero.

BONUS - Colin Kaepernick, QB - 49ers

Foi por demanda popular, mas Kaep realmente não é tudo que dizem. Ele domina o sistema de Pistol porque ele foi masterizado pela faculdade que jogava, isso é um ponto muito positivo, mas para por aí. Esse ano, com as defesas já mais bem preparadas, era comum ver corridas mal executadas e passes sem sentido algum. Abre teu olho, Lula Molusco, senão o Alex Smith volta e rouba teu lugar!

domingo, 16 de fevereiro de 2014

AFWB e o meu próprio Super Bowl.

Vou tentar fazer uma espécie de diário sobre como foram os dois dias de Camp promovido pela American Football Without Barriers e a minha experiência como atleta e como fã.
O primeiro ponto que me chamou atenção é como eu não fiquei nervoso em nenhum momento até realmente chegar lá em General Severiano e ver os jogadores. Eu vejo NFL há bastante tempo, jogo há bastante tempo e sempre fui completamente apaixonado pelo esporte, mas "conhecer jogadores da NFL" era algo que tinha sido retirado da minha lista de sonhos possíveis, então me parecia que aquilo simplesmente não era real.
Eu cheguei lá BEM cedo, o Camp da minha idade tava previsto pra começar às 15h, cheguei 13h30 pra dar tempo de fazer tudo. De cara, achei muito legal o comparecimento do público e o nível de fanatismo. Tinha um cara com o cabelo pintado nas cores do Seahawks e com o "12" tatuado na perna, outro tinha o Steve Smith tatuado na perna abaixo do logo escrito do Panthers. Além desses, tinha muita gente lá que só gostava de futebol americano mesmo e compareceu.

Durante esse tempo de espera, aproveitei pra encontrar alguns amigos com quem já tinha jogado e fui surpreendido quando o Everaldo Marques e o Paulo Antunes foram pro meio da galera. Eles foram muito solícitos com todo mundo que pediu pra tirar foto e autógrafo, entrevistaram alguns torcedores e gravaram até uma vinheta do Antunadas, portanto, vocês vão ver o Tio gritando "CHÉGA!" assim que eles colocarem o programa no ar.
Bom, finalmente chegou o horário do meu grupo entrar pra fazer as atividades. As coisas atrasaram bastante, mas eu já imaginava, pois era muita gente e pouco tempo. Todos receberam shorts azuis e uma camisa verde com o logo da AFWB em azul e amarelo, bem Brasil mesmo! Legal mesmo foi que o Tio se arrumou e percebeu que precisava muito de uma visita ao mictório, então entrei no banheiro que ficava dentro do vestiário dos jogadores, e logo atrás de mim veio o Thomas Keiser, LB do Chargers. Vocês podem jogar no Google, mas vocês não vão ter a real dimensão do quão assombroso de grande ele é pessoalmente. Mais assombroso foi que ele resolveu usar o mictório na mesma hora que eu, então eu simplesmente fui para o mais longe possível dele por uma questão de medo mesmo. Depois de lavar a mão, porque somos higiênicos, trocamos uma ideia e ele foi muito simpático e solícito.
Bom, voltando ao Camp, mesmo antes das atividades começarem a maioria do pessoal já tava treinando, fazendo rotas, ou pelo menos "trocando figurinha", o que acaba sendo um papel secundário, mas muito importante do projeto. A maioria dos melhores jogadores com menos de 21 anos no Brasil estava lá, o que elevou em muito o nível da parada.

O Giacomini tava como uma espécie de líder, organizando a duração e execução de todos os grupos. As atividades começaram com um alongamento e aquecimento e logo depois todos os presentes foram divididos em grupos e postos em estações que faziam atividades distintas. Meu grupo começou com o DeAngelo Williams, num circuito de agilidade que não requeria nenhum conhecimento específico de futebol americano, mas era interessante por criar competição e ter fundamentos bem parecidos com o de quem faz rotas.
Breno apitou e era hora de mudar de estação, dessa vez eram atividades muito usadas em categorias de base pra OL e DL, coordenados por ninguém menos que Okung (OT do Seahawks) e Alex Mack (C do Browns, que é um dos meus OLs favoritos no mundo)! Essa parte é bem divertida, o Mack é um completo fanfarrão, ria passando os drills, zoava o pessoal e ainda me cumprimentou no final e me elogiou, mesmo eu tendo o perfeito biotipo pra não ser OL!
Terceira base foi coordenada pelo Bademosi (S) e o Mingo (OLB), ambos do Browns, e era focada em trabalho de marcação de passes, ensinando desde o backpedal até como cortar acompanhando o recebedor. Interessante que eles incentivavam muito o sentimento de competição, fizeram repetições contra vários meros-mortais, falaram que quem perdesse pagaria 10 flexões.
Quarto exercício coordenador pelo TE do Seahawks, Tony Helfet com ajuda do Golden Tate. À princípio a gente acha que só as maiores estrelas vão ser legais, mas o Helfet é um cara que te faz mudar totalmente esse conceito! Ele gritou tanto que já tava rouco e enchia o saco de todo mundo pra dar 100% na atividade, fazendo do jeito que ele ensinou. Ganhou muita moral comigo só pela atitude! Ah, foi nessa atividade que o menino tomou o pancake do Lynch...

Depois disso, tivemos atividades separadas superficialmente por posição. Fiquei no grupo de WR/DB que treinou novamente com o Helfet, Tate, Bingo e Mandebosi, mas queria mesmo ter ficado no grupo de TE, que tinha incríveis QUATRO pessoas e era treinado simplesmente por Jordan Cameron e pelo Gary Barnidge. Queria abrir um parênteses aqui, o Jordan Cameron me faz questionar minha heterossexualidade, de verdade. Ele é tudo que eu queria ser: alto, forte, bonito, rápido, Tight-End, joga na NFL e já pegou a JÉSSICA ALBA. Vou parar de falar por razões óbvias.
O segundo dia foi um pouco mais "sofrido". Cheguei lá quase na hora de começar a notei que tinha muito menos imprensa presente, mas um público tão grande quanto no primeiro dia. Os organizadores falaram para que todos que tivessem equipamentos os levassem, o que tornou a gama de atividades muito maior. Acho que esse fato de terem os pads tornou o segundo dia mais mal organizado, muita gente ficou "na fome" de fazer mais e mais e acabou bagunçando tudo, furando fila...

Foram poucos os pontos negativos na minha opinião. O atraso, como disse, já era previsível, e pra mim o único "erro" da organização foi não filtrar muito o nível técnico dos participantes. Não que eu ache que o Camp tenha que ser voltado apenas para "grandes jogadores", mas botar um menino que nunca jogou pra correr uma rota contra um dos melhores CBs do Brasil pode ser uma experiência desmotivadora pra ele.
Além disso, importante citar o péssimo papel desempenhado por Raiam dos Santos. O comentarista do Esporte Interativo e grande incentivador do futebol americano nacional mandou super mal no evento. Começou distribuindo adesivos para jogadores que ele considerava melhor, com o objetivo de diferenciá-los dos demais, o que rendeu um baita esporro do DeAngelo Williams, que afirmou que ali todos eram iguais e não compactuaria com isso. Outra mancada, na minha opinião, foi ficar favorecendo muito de seus amigos ou jogadores favoritos nos drills. Em alguns momentos, esses escolhidos tinham feito cinco repetições no mesmo drill enquanto todo o resto não tinha passado da segunda. Um amigo ligado à organização do evento disse que os atletas da NFL reclamaram um pouco de algumas atitudes do Punter brasileiro, como de querer se intrometer e querer filmar tudo que eles faziam na vida pessoal.
Bom, voltando ao lado bom, queria destacar toda a estrutura oferecida pelo Botafogo FR, e a organização montada pelo Daniel Stoler (uma lenda do esporte que pouca gente reconhece), Duda Duarte, AFWB e tantos outros envolvidos.
Desde eu vi o primeiro jogo da NFL na minha vida meu sonho se tornou fazer parte daquilo. Lembro quando ganhei um imã do meu tio que tinha o logo da Liga e brilhava no escuro, eu botei aquilo na lateral do meu computador e sempre dormia olhando aquela bosta brilhar. Sempre que eu rezava eu pedia por saúde, paz e pra jogar na NFL! Chega ser engraçado, né? Mas falando sério, eu vejo que esses dois dias de Camp foram a realização desse sonho. Por dois dias eu voltei a ter 13 anos e me senti de novo aquele menino que acha tudo mágico no esporte.
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Alguns pequenos fatos épicos, antes de fechar:

  • Quando pedi o autógrafo pro Mack, apertei a mão dele e disse: "I hope you wear blue this year playing for the Colts". Ele riu e respondeu: "We'll see..."
  • Golden Tate é gente fina demais, ele sempre elogiava quando eu fazia alguma coisa maneira e trocava ideia comigo com frequência nos intervalos pra água.
  • Marshawn Lynch é completamente retardado! Ele é muito espontâneo, faz o que der na cabeça, seja com quem for ou onde for. Aquele hit filmado foi um no meio de uns cinquenta iguais, fora os gritos que ele dava com quem errava e as flexões que ele mandava todo mundo pagar do nada.
  • Ainda sobre o Lynch, fui pegar um Gatorade depois do Camp terminado e ele tava la também. A gente trocou uma ideia rapidinho, perguntei se ele tinha curtido o Rio e as mulheres daqui e ele me respondeu: HELL YEAH!
  • Eu disse que ia me apresentar como Deprê pro Everaldo, mas fui na humildão, só pedi meu autógrafo mesmo e saí de fininho. Sou desses.
  • Eu disse pro Cameron que ele salvou meu Fantasy algumas vezes, disse que ele era foda e no segundo dia ainda fiz o T (pra quem não sabe) com ele antes dos exercícios começarem. QUE HOMEM!
  • Bonani chuta tão bem que faz parecer tão fácil quanto no Madden. Ele tava acertando FGs com facilidade do meio do campo de General Severiano. Vai chutar a bunda do Bironas esse ano!
  • Confesso pra vocês que eu tô simpatizando muito mais com o Browns no momento e tó até torcendo pro sucesso deles esse ano. Acho que é natural, assim como vou acompanhar muito mais o desempenho dos caras que conheci aqui na próxima temporada