domingo, 16 de fevereiro de 2014

AFWB e o meu próprio Super Bowl.

Vou tentar fazer uma espécie de diário sobre como foram os dois dias de Camp promovido pela American Football Without Barriers e a minha experiência como atleta e como fã.
O primeiro ponto que me chamou atenção é como eu não fiquei nervoso em nenhum momento até realmente chegar lá em General Severiano e ver os jogadores. Eu vejo NFL há bastante tempo, jogo há bastante tempo e sempre fui completamente apaixonado pelo esporte, mas "conhecer jogadores da NFL" era algo que tinha sido retirado da minha lista de sonhos possíveis, então me parecia que aquilo simplesmente não era real.
Eu cheguei lá BEM cedo, o Camp da minha idade tava previsto pra começar às 15h, cheguei 13h30 pra dar tempo de fazer tudo. De cara, achei muito legal o comparecimento do público e o nível de fanatismo. Tinha um cara com o cabelo pintado nas cores do Seahawks e com o "12" tatuado na perna, outro tinha o Steve Smith tatuado na perna abaixo do logo escrito do Panthers. Além desses, tinha muita gente lá que só gostava de futebol americano mesmo e compareceu.

Durante esse tempo de espera, aproveitei pra encontrar alguns amigos com quem já tinha jogado e fui surpreendido quando o Everaldo Marques e o Paulo Antunes foram pro meio da galera. Eles foram muito solícitos com todo mundo que pediu pra tirar foto e autógrafo, entrevistaram alguns torcedores e gravaram até uma vinheta do Antunadas, portanto, vocês vão ver o Tio gritando "CHÉGA!" assim que eles colocarem o programa no ar.
Bom, finalmente chegou o horário do meu grupo entrar pra fazer as atividades. As coisas atrasaram bastante, mas eu já imaginava, pois era muita gente e pouco tempo. Todos receberam shorts azuis e uma camisa verde com o logo da AFWB em azul e amarelo, bem Brasil mesmo! Legal mesmo foi que o Tio se arrumou e percebeu que precisava muito de uma visita ao mictório, então entrei no banheiro que ficava dentro do vestiário dos jogadores, e logo atrás de mim veio o Thomas Keiser, LB do Chargers. Vocês podem jogar no Google, mas vocês não vão ter a real dimensão do quão assombroso de grande ele é pessoalmente. Mais assombroso foi que ele resolveu usar o mictório na mesma hora que eu, então eu simplesmente fui para o mais longe possível dele por uma questão de medo mesmo. Depois de lavar a mão, porque somos higiênicos, trocamos uma ideia e ele foi muito simpático e solícito.
Bom, voltando ao Camp, mesmo antes das atividades começarem a maioria do pessoal já tava treinando, fazendo rotas, ou pelo menos "trocando figurinha", o que acaba sendo um papel secundário, mas muito importante do projeto. A maioria dos melhores jogadores com menos de 21 anos no Brasil estava lá, o que elevou em muito o nível da parada.

O Giacomini tava como uma espécie de líder, organizando a duração e execução de todos os grupos. As atividades começaram com um alongamento e aquecimento e logo depois todos os presentes foram divididos em grupos e postos em estações que faziam atividades distintas. Meu grupo começou com o DeAngelo Williams, num circuito de agilidade que não requeria nenhum conhecimento específico de futebol americano, mas era interessante por criar competição e ter fundamentos bem parecidos com o de quem faz rotas.
Breno apitou e era hora de mudar de estação, dessa vez eram atividades muito usadas em categorias de base pra OL e DL, coordenados por ninguém menos que Okung (OT do Seahawks) e Alex Mack (C do Browns, que é um dos meus OLs favoritos no mundo)! Essa parte é bem divertida, o Mack é um completo fanfarrão, ria passando os drills, zoava o pessoal e ainda me cumprimentou no final e me elogiou, mesmo eu tendo o perfeito biotipo pra não ser OL!
Terceira base foi coordenada pelo Bademosi (S) e o Mingo (OLB), ambos do Browns, e era focada em trabalho de marcação de passes, ensinando desde o backpedal até como cortar acompanhando o recebedor. Interessante que eles incentivavam muito o sentimento de competição, fizeram repetições contra vários meros-mortais, falaram que quem perdesse pagaria 10 flexões.
Quarto exercício coordenador pelo TE do Seahawks, Tony Helfet com ajuda do Golden Tate. À princípio a gente acha que só as maiores estrelas vão ser legais, mas o Helfet é um cara que te faz mudar totalmente esse conceito! Ele gritou tanto que já tava rouco e enchia o saco de todo mundo pra dar 100% na atividade, fazendo do jeito que ele ensinou. Ganhou muita moral comigo só pela atitude! Ah, foi nessa atividade que o menino tomou o pancake do Lynch...

Depois disso, tivemos atividades separadas superficialmente por posição. Fiquei no grupo de WR/DB que treinou novamente com o Helfet, Tate, Bingo e Mandebosi, mas queria mesmo ter ficado no grupo de TE, que tinha incríveis QUATRO pessoas e era treinado simplesmente por Jordan Cameron e pelo Gary Barnidge. Queria abrir um parênteses aqui, o Jordan Cameron me faz questionar minha heterossexualidade, de verdade. Ele é tudo que eu queria ser: alto, forte, bonito, rápido, Tight-End, joga na NFL e já pegou a JÉSSICA ALBA. Vou parar de falar por razões óbvias.
O segundo dia foi um pouco mais "sofrido". Cheguei lá quase na hora de começar a notei que tinha muito menos imprensa presente, mas um público tão grande quanto no primeiro dia. Os organizadores falaram para que todos que tivessem equipamentos os levassem, o que tornou a gama de atividades muito maior. Acho que esse fato de terem os pads tornou o segundo dia mais mal organizado, muita gente ficou "na fome" de fazer mais e mais e acabou bagunçando tudo, furando fila...

Foram poucos os pontos negativos na minha opinião. O atraso, como disse, já era previsível, e pra mim o único "erro" da organização foi não filtrar muito o nível técnico dos participantes. Não que eu ache que o Camp tenha que ser voltado apenas para "grandes jogadores", mas botar um menino que nunca jogou pra correr uma rota contra um dos melhores CBs do Brasil pode ser uma experiência desmotivadora pra ele.
Além disso, importante citar o péssimo papel desempenhado por Raiam dos Santos. O comentarista do Esporte Interativo e grande incentivador do futebol americano nacional mandou super mal no evento. Começou distribuindo adesivos para jogadores que ele considerava melhor, com o objetivo de diferenciá-los dos demais, o que rendeu um baita esporro do DeAngelo Williams, que afirmou que ali todos eram iguais e não compactuaria com isso. Outra mancada, na minha opinião, foi ficar favorecendo muito de seus amigos ou jogadores favoritos nos drills. Em alguns momentos, esses escolhidos tinham feito cinco repetições no mesmo drill enquanto todo o resto não tinha passado da segunda. Um amigo ligado à organização do evento disse que os atletas da NFL reclamaram um pouco de algumas atitudes do Punter brasileiro, como de querer se intrometer e querer filmar tudo que eles faziam na vida pessoal.
Bom, voltando ao lado bom, queria destacar toda a estrutura oferecida pelo Botafogo FR, e a organização montada pelo Daniel Stoler (uma lenda do esporte que pouca gente reconhece), Duda Duarte, AFWB e tantos outros envolvidos.
Desde eu vi o primeiro jogo da NFL na minha vida meu sonho se tornou fazer parte daquilo. Lembro quando ganhei um imã do meu tio que tinha o logo da Liga e brilhava no escuro, eu botei aquilo na lateral do meu computador e sempre dormia olhando aquela bosta brilhar. Sempre que eu rezava eu pedia por saúde, paz e pra jogar na NFL! Chega ser engraçado, né? Mas falando sério, eu vejo que esses dois dias de Camp foram a realização desse sonho. Por dois dias eu voltei a ter 13 anos e me senti de novo aquele menino que acha tudo mágico no esporte.
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Alguns pequenos fatos épicos, antes de fechar:

  • Quando pedi o autógrafo pro Mack, apertei a mão dele e disse: "I hope you wear blue this year playing for the Colts". Ele riu e respondeu: "We'll see..."
  • Golden Tate é gente fina demais, ele sempre elogiava quando eu fazia alguma coisa maneira e trocava ideia comigo com frequência nos intervalos pra água.
  • Marshawn Lynch é completamente retardado! Ele é muito espontâneo, faz o que der na cabeça, seja com quem for ou onde for. Aquele hit filmado foi um no meio de uns cinquenta iguais, fora os gritos que ele dava com quem errava e as flexões que ele mandava todo mundo pagar do nada.
  • Ainda sobre o Lynch, fui pegar um Gatorade depois do Camp terminado e ele tava la também. A gente trocou uma ideia rapidinho, perguntei se ele tinha curtido o Rio e as mulheres daqui e ele me respondeu: HELL YEAH!
  • Eu disse que ia me apresentar como Deprê pro Everaldo, mas fui na humildão, só pedi meu autógrafo mesmo e saí de fininho. Sou desses.
  • Eu disse pro Cameron que ele salvou meu Fantasy algumas vezes, disse que ele era foda e no segundo dia ainda fiz o T (pra quem não sabe) com ele antes dos exercícios começarem. QUE HOMEM!
  • Bonani chuta tão bem que faz parecer tão fácil quanto no Madden. Ele tava acertando FGs com facilidade do meio do campo de General Severiano. Vai chutar a bunda do Bironas esse ano!
  • Confesso pra vocês que eu tô simpatizando muito mais com o Browns no momento e tó até torcendo pro sucesso deles esse ano. Acho que é natural, assim como vou acompanhar muito mais o desempenho dos caras que conheci aqui na próxima temporada

2 comentários:

  1. Cara, que post legal. Parabéns. Legal saber que os jogadores da NFL são legais e acessíveis, e não esses marrentinhos que temos aqui no Brasil em outros esportes.

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  2. Na verdade, eu penso que os não tão conhecidos são os que vão ser mais legais, justamente para terem fãs, sei lá, mas eu gostei de saber que, além de terem sido legais e terem tido uma boa experiência pelo que li no blog da AFWB, eles levaram a sério, porque eles poderiam não se empenhar tanto, ser só marketing, coisa do tipo 'É, vou no Brasil só para fazer um H mesmo', mas não! Parafraseando o que você disse, dá mais vontade de acompanhá-los, dar uma atençãozinha a mais.
    DeAngelo Williams, baita de um lindo diga-se de passagem ~<3 como não amar? kkkkk
    E uma super mega hiper enorme grande gigante curiosidade: você ganhou adesivo de bom jogador ou não?

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